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Sobre o Pop Center

Pop Center Porto Alegre
Av. Júlio De Castilhos, 235 Centro 
Porto Alegre/RS
(51) 3072.7594 


Centro Popular de Compras de Porto Alegre – Pop Center é um shopping popular construído por meio de uma parceria público-privada que conta com mais de 800 lojas e 20 mil metros quadrados de área construída. Localizado na avenida Júlio De Castilhos, 235, no Centro Histórico de Porto Alegre, o centro comercial está em atividade desde fevereiro de 2009 e foi desenvolvido para facilitar o trabalho dos antigos camelôs, hoje comerciantes populares regularizados. Além de iniciativas de empreendedorismo social, o Pop Center também estimula atividades culturais no local, como o projeto de Residência Artística. Com curadoria do francês Franck Marlot, o projeto traz, anualmente, artistas convidados ao Pop Center para uma experiência de imersão no centro popular a fim de que trabalhos artísticos emerjam dessa vivência. Confira a entrevista com Elaine Deboni, diretora institucional do Pop Center, sobre o significado do projeto para o local. 


Entrevista com Elaine Deboni, diretora institucional do Pop Center


Por Isabel Waquil

Como surgiu o projeto de Residência Artística no Pop Center?

Quando eu entrei no Pop Center, eu me apaixonei por isso tudo. Eu só vivia para isso e só falava sobre isso, sobre “camelô”. Um dia, eu recebi um convite da Escola de Comércio de Paris para fazer um curso lá. E fui. Quando me apresentei, eu disse que havia trabalhado durante 25 anos no mercado de luxo, mas que agora a minha dedicação integral era o projeto de inclusão profissional de ex-camelôs. Eu contei que havia 800 famílias nesse projeto e que meu objetivo era que nenhuma criança dessas famílias estivesse fora da escola. Quando o professor começou a falar sobre luxo, ele disse que o mundo, hoje, precisava desse luxo que nós estávamos fazendo aqui. Em uma das atividades do curso, um amigo disse que havia uma pessoa ali que queria me conhecer. Era Franck Marlot. Ele disse que havia adorado o meu trabalho e queria trabalhar comigo. Eu disse: “Como assim?”. Ele respondeu: “Eu que pergunto ‘como’. Como eu posso trabalhar contigo?”. Lágrimas vieram aos meus olhos. Eu perguntei se ele faria uma exposição aqui. O Franck concordou, então para Porto Alegre conhecer o lugar, gostou, e logo mandou um email dizendo que já tinha um primeiro artista, o Mano Penalva.

E como foi a primeira experiência com o Mano Penalva?

Foi muito interessante. No início, eu acho que ele estava um pouco reticente, era uma experiência nova. Mas depois as coisas fluíram e foi o que foi: fizemos a exposição Estado Sul, ganhamos um espaço enorme na imprensa. Eu queria fazer o meu melhor, chamamos parcerias – como a Save the Date, que organizou voluntariamente todo o evento para a abertura – e, quando o Franck chegou aqui com essa recepção “5 estrelas”, ele nem acreditou, disse: “Isso poderia ser em Paris, de tão bem feito. Mas, na próxima vez, eu quero que o projeto esteja no meio do público”.

E então o projeto se transformou?

Exatamente. Na primeira edição, a minha preocupação era estar à altura do curador. Agora que ele já tinha visto a qualidade do nosso trabalho, disse que tínhamos que integrar o trabalho no espaço, porque as pessoas não sobem até aqui para ver isso. Ele queria que as pessoas fossem contagiadas. E aí trouxemos o trabalho do Renato [Bezerra de Mello] para dentro do Pop na segunda edição. Fizemos essa integração. O Renato tinha algumas ideias de trabalho para realizar aqui, mas eu disse que também teria que haver uma troca. Queria que ele trouxesse trabalhos dele. Então propusemos essa integração, com obras do Renato em lojas desocupadas e esses trabalhos na passarela, que liga os dois blocos do Pop Center.

Como tu avalias o projeto até o momento?

É difícil de mensurar porque eu não vejo a questão financeiramente, quantitativamente. O projeto é uma forma de dizer para essa população do Pop – lojistas, clientes – que a gente quer que essas pessoas venham aqui e tenham uma emoção. Um sentimento. Algo que não está à venda, mas que elas possam sentir. E que elas possam sair daqui e transformar as vidas delas, dos filhos, das pessoas ao seu redor.

Qual é a importância das residências dentro do contexto do Pop Center?  

Esse trabalho que a gente faz no Pop é como a construção de um edifício. Tu não começas do chão para cima, tu tens que cavar para construir fundações firmes que sustentem o prédio. Nós estamos lá embaixo, cavando e construindo boas fundações: profundas e bem-feitas.  Hoje, não tem uma importância, um “motivo” para fazer isso. Poderia não fazer. Mas a gente sabe que é bacana, que valoriza, que tem um potencial de transformar coisas que, muitas vezes, a gente ainda nem sabe o quê. Quem sabe isso não reverbera em uma criança que está vendo isso hoje? Tudo reverbera. O Franck me procurou e aquilo reverberou em mim, no Pop. É como aquela planta dente-de-leão. A gente assopra e as coisas se espalham.

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